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11 de março de 2021

Bate-papo com a juíza do Trabalho Simone Jalil

Março Mulher

O segundo bate-papo do Especial Março Mulher é com a Juíza do Trabalho, titular da 1a  Vara do TRT21, Simone Jalil. Venha saber o que para ela é a ‘Dor e a Delícia de ser mulher’ num mix de complexidades e grandezas: “Seria pretensão de minha parte definir de forma generalizada a dor e delícia de ser mulher. (...) a definição de ser mulher é poder amar em toda plenitude. Chorar não apenas com as lágrimas nos olhos, mas com o coração...”

 

1) O que define a dor e a delícia de ser mulher?

Diante dessa pergunta devemos começar respondendo o que define ser mulher. Ser doce, maternal, emotiva? Ser forte, feminista? Ser  submissa como Amélia? Ser a super heroína?  Muitos tentam definir, mas ninguém, se não a própria mulher, sabe dizer o que é ser mulher.

Somos, cada uma, seres únicos. Temos nossas complexidades e grandezas. Seria pretensão de minha parte definir de forma generalizada a dor e delícia de ser mulher. Assim, voltando a pergunta inicial, posso dizer que para mim, a definição de ser mulher é poder amar em toda plenitude. Chorar não apenas com as lágrimas nos olhos, mas com o coração! Sorrir com a alma! É tentar enxergar no outro o seu interior! É contemplar a beleza do dia, ainda que esteja chovendo!  É poder ser mãe e amar seus filhos de tal forma, mais do que a si mesma! É se reinventar a cada dia! É ter um guarda roupa lotado e mesmo assim não te roupa para vestir. É ter a capacidade de superar as dores rapidamente! É querer ser uma centopéia para usar todos os sapatos! É se olhar no espelho e sempre ver aquele pequeno defeito ou os 3 kg a mais que precisa perder. É passar o batom e sair para o mundo com seus medos e uma coragem maior ainda! Enfim, é ser complexa e simples ao mesmo tempo. É ser única!

 

2) Quais os principais prazeres e maiores dificuldades para conciliar carreira e família ?

Nos sentimos obrigadas a corresponder a uma série de expectativas da sociedade, desempenhar papéis, mas nem sempre temos tempo pra sentar,  cuidar e ver o que realmente faz sentido em nossas vidas. Mulheres vão acumulando tarefas: casa, trabalho, família (e aqui incluo o núcleo familiar e os pais que na maioria das vezes ficam sob os cuidados da(s) filha(s) mulher(es)) e, não raro vão abdicando de promoções e qualificações, ao mesmo tempo em que não sabem dizer não para todas as exigências que lhes são feitas.

 

Temos o prazer de fazer uma faculdade, uma pós graduação e até passar em um concurso, todavia quando assumimos uma família em especial, quando os filhos chegam, se torna muito difícil uma transferência, uma remoção, assumir cargos de maior responsabilidade que implique mais tempo de trabalho. Aliás, as pesquisas demonstram que cerca de 30% das mulheres deixam o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. Aquelas que continuam trabalhando encontram grandes dificuldades em conciliar o cuidado com os filhos e o trabalho, principalmente porque na maioria das vezes, levar filhos ao médico, participar de reuniões escolares, ajudar nas tarefas, dentre outros, fica ao encargo da mulher. 

 

Certo que temos exceções, mas isso é ainda muito forte e quase que automático na sociedade em que vivemos. Talvez essa seja a maior dificuldade em conciliar a carreira e o trabalho, e a mudança desse pensamento, muitas vezes da própria mulher que crê que apenas ela pode fazer, seria um grande avanço na igualdade de gênero inclusive no mercado de trabalho.

 

3) Qual mensagem a senhora passaria para as mulheres, especialmente nestes tempos difíceis de pandemia?

A principal mensagem é: Você não precisa dar conta de tudo! Não precisa ser super: super mulher, super mãe, super esposa, super filha, super dona de casa, super profissional! Divida as tarefas! Respeite seu tempo, seu momento, suas limitações! 

Cuide-se e ame-se! Isso requer adaptações, mas é possível! Basta você querer!