Uma mesa-redonda promovida na manhã dessa terça-feira (8) marcou o Dia Internacional da Mulher na Procuradoria da República no Rio Grande do Norte. O evento foi mediado pela procuradora-chefe Cibele Benevides e contou com duas convidadas especiais, a juíza do TRE/RN, Adriana Magalhães; e a juíza do Trabalho Daniela Lustoza.
Elas falaram sobre as mudanças sociais e de mentalidade que, tanto homens quanto as próprias mulheres, precisam adotar para que o gênero feminino tenha mais acesso aos espaços de poder, seja na administração pública, na política, no Judiciário, bem como nas diversas outras esferas, incluindo o mercado de trabalho, relações familiares e mesmo dentro de cada casa.
Cibele Benevides lembrou que a presença de mulheres nesses espaços de poder resultam, em geral, na maior valorização de iniciativas em prol da melhoria da saúde e educação de todos e lamentou que, ainda hoje, a mulher seja sub-representada não só no Judiciário e no Ministério Público, mas em completamente todas as áreas de tomadas de decisões.
Pioneirismo – Adriana Magalhães, que lançará em breve um livro sobre mulheres nos espaços de poder do Rio Grande do Norte, destacou a tendência do estado ao pioneirismo, em cargos como o de prefeita, vereadora, deputadas, além de ter tido a primeira eleitora do Brasil. Isso tudo, no entanto, ainda não garantiu a efetiva participação política dessa parcela da população potiguar.
“Precisamos de mais elementos, mais normas que permitam trazer a mulher pra dentro do debate político”, reforçou a juíza eleitoral, lembrando que ainda hoje, mesmo com ferramentas como a chamada “cota de gênero”, ainda nos deparamos com situações que visam simplesmente “atender” à lei, sem efetivar as devidas mudanças, como no caso das candidaturas fictícias lançadas por partidos apenas para garantir o “cumprimento” da cota.
Consolidação – Daniela Lustoza, por sua vez, apontou três principais pontos a serem incluídos no debate constante da sociedade. O primeiro diz respeito à consolidação das conquistas femininas. “E o 8 de março ainda precisa ser rememorado por isso, porque hoje ainda não temos nada consolidado”.
O segundo é a necessidade de todos, homens e mulheres, abrirem a mente para perceber o fosso existente entre os dois sexos, no Brasil e no mundo. “Continuamos convivendo com aumento de feminicídios, aumento da violência contra a mulher, além das microagressões diárias, inclusive as vindas das próprias mulheres”.
O terceiro questionamento que a juíza do Trabalho lista diz respeito diretamente ao Judiciário e é sobre quem, hoje, julga os processos no Brasil. “Majoritariamente são homens brancos, casados, com filhos e cristãos”. Essas características, embora não representem defeitos – deixou bem claro Daniela Lustoza – dificultam um olhar diferenciado sobre, inclusive, as questões de gênero. Ela concluiu lembrando que é necessário proatividade na busca pelos direitos femininos: “Não há neutralidade, todos precisam se posicionar”.
Questionamentos – Servidores e funcionários terceirizados aproveitaram a ocasião para compartilhar vivências, dúvidas e sugestões, tanto para as mulheres quanto para os homens. A representante do SindMPU, Marcionília Chaves, lamentou que as mulheres, ainda hoje, tenham de “provar que somos muito boas, para termos um mínimo de igualdade” e enfatizou que é mais do que hora para se começar a falar em vitórias efetivas para o direito das mulheres.
Autor: Ascom PR/RN